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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Da obrigação de evitar as ocasiões perigosas

Por Santo Afonso Maria de Ligório

"Um sem-número de cristãos se perde por não querer evitar as ocasiões de pecado. Quantas almas lá no inferno não se lastimam e queixam: Infeliz de mim. Se tivesse evitado aquela ocasião, não estaria agora condenado por toda a eternidade.

Falando aqui da ocasião de pecado, temos em vista a ocasião próxima, pois deve-se distinguir entre ocasiões próximas e remotas. Ocasião remota é a que se nos depara em toda a parte e que raramente arrasta o homem ao pecado. Por exemplo, achar-se-ia em ocasião próxima um jovem que muitas vezes e sem necessidade se entretém com pessoas levianas de outro sexo. Ocasião próxima uma certa pessoa é também aquela que já a arrastou muitas vezes ao pecado. Algumas ocasiões consideradas em si não são próximas, tornam-se contudo tais para uma determinada pessoa que, achando-se em semelhantes circunstâncias, já caiu muitas vezes em pecado em razão de suas más inclinações e hábitos. Portanto, o perigo não é igual nem o mesmo para todos. 

O Espírito Santo diz: "Quem ama o perigo nele perecerá" (Ecli 3,27). Segundo S. Tomás a razão disso é que Deus nos abandona no perigo quando a ele nos expomos deliberadamente ou dele não nos afastamos. S. Bernardino de Sena diz que dentre todos os conselhos de Jesus Cristo o mais importante e como que a base de toda a religião é aquele pelo qual nos recomenda a fugida da ocasião de pecado. 

Se fores, pois, tentado, e especialmente se te achares em ocasião próxima, acautela-te para te não deixares embair pelo tentador. O demônio que se empalhe com a tentação, porque então torna-se-lhe fácil a vitória. Deves, porém fugir sem demora, invocar os santos nomes de Jesus e Maria, sem prestar atenção, nem se quer por um instante, ao inimigo que te tenta. S.Pedro nos afirma que o demônio rodeia cada alma para ver se a pode tragar: "Vosso adversário, o demônio vos rodeia como um leão que ruge, procurando a quem devorar" (1 Ped 5,8). S. Cipriano, explicando essas palavras, diz que o demônio espreita uma porta pela qual possa entrar na alma; logo que se oferece uma ocasião perigosa. diz consigo mesmo: eis a porta pela qual poderei entrar, e imediatamente sugere a tentação. Se então a alma se mostrar indolente para fugir da tentação, cairá seguramente, em especial se se tratar de um pecado impuro. É a razão por que ao demônio mais desagradam os propósitos de fugirmos das ocasiões de pecado, que as promessas de nunca mais ofendermos a Deus, porque as ocasiões não evitadas tornam-se como uma faixa que nos venda os olhos para não vermos as verdades eternas, as ilustrações divinas e as promessas feitas a Deus. 

Quem estiver, porém, enredado em pecado contra a castidade deverá, para o futuro, evitar não só a ocasião próxima mas também a remota, enquanto possível, porque um tal se sentirá muito fraco para resistir. Não nos deixemos enganar pelo pretexto de a ocasião ser necessária, como dizem os teólogos, e que por isso não estamos obrigados a evitá-la, pois Jesus Cristo disse: "Se teu olho direito te escandaliza, arranca-o e lança-o de ti" (Mt 5,29). Mesmo que seja teu olho direito, deverás arrancá-lo e lançar fora de ti para que não sejas condenado. Logo deves fugir daquela ocasião, ainda que remota, já que em razão de tua fraqueza tornou-se ela uma ocasião próxima para ti. 

Antes de tudo devemos estar convencidos que nós, revestidos de carne, não podemos por própria força guardar a castidade, só Deus, em sua imensa bondade, nos poderá dar força para tanto. 

É verdade que Deus atende a quem lhe suplica, mas não poderá atender à oração daquele que conscientemente  se expõe ao perigo e não o deixa, apesar de o conhecer, pois como diz o Espírito Santo, quem ama o perigo, perecerá nele. 

Ó Deus, quantos cristãos existem que, apesar de levarem uma vida piedosa, caem finalmente e obstinam-se no pecado impuro. Por isso nos aconselha S. Paulo (Filip 2,12): "Com temor e tremor operai a vossa salvação". Quem não teme e ousa expor-se às ocasiões perigosas, principalmente quando se trata do pecado impuro, dificilmente se salvará." 

Fonte:
Escola da Perfeição Cristã - Santo Afonso de Ligório Capítulo II. Pag. 46.

3 comentários:

  1. Estou lendo esse livro. Impressionante as explicações tão simples daquilo que tentam mascarar...

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    1. Mascarar como? De fato esses escritos são desconhecidos ou ignorados por boa parte dos Católicos. Por isso resolvi postar, não podemos deixar de divulgar escritos de um doutor da Igreja que escreveu coisas tão grandiosas. Eu fiz questão de colocar esse artigo no marcador "praias" para que reflitam bem os lugares que andam frequentando, evitar ocasião de pecado é nosso dever e segundo o próprio Santo Afonso se expor ao pecado mortal JÁ É pecado mortal. Que cada um examine sua consciência antes e veja em quais situações devemos evitar para não desagradar a Deus. Salve Maria e obrigada pelo comentário. Continue seguindo pois postarei mais artigos do mesmo livro, que achar conveniente e interessante para os leitores.

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  2. Gostei muito, você faz uma grande coisa divulgando estes assuntos muitos voltaram para o seio da Santa Madre Igreja mas não tem muita noção e ficam ofendidos quando são admoestados sobre determinados comportamentos, autorização para poder compartilhar estes assuntos, muito obrigado pela atenção.

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