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domingo, 25 de janeiro de 2015

As vestes à luz da Bíblia Sagrada, Pe. Elcio Murucci


I.
Porque muitos padres não ousam mais falar contra a imodéstia das modas, muitas pessoas, sobretudo as mais novas, ficam pensando que as exigências da modéstia são invenções dos padres tradicionalistas. Por isso, quero tratar deste assunto baseado na Sagrada Escritura, que é a palavra de Deus.

1 – Deus Criou Adão e Eva no estado de inocência, sem a concupiscência, isto é, sem o desregramento das paixões. Dai, antes do pecado, Adão e Eva estavam nus e não se envergonhavam. Confira a Bíblia Sagrada: Gen. II, 25. E eles conversam familiarmente com Deus. Mas a partir do momento em que pecaram, perderam a inocência, começaram a ter maldade e então, tiveram vergonha em se verem nus, e coseram folhas de figueira e fizeram para si cinturas. É o que se lê na Sagrada Escritura em Gen. III, 7. Foi o que eles puderam conseguir naquele momento após o pecado. Mas embora assim cobertos na cintura, se julgaram ainda nus, tiveram vergonha e se esconderam de Deus. Confira a Bíblia Sagrada: Gen. III, 9 e 10. E notai que o próprio Deus não achou também suficiente esta veste sumária. Eis o que diz a Bíblia em Gen. III, 21: “Fez também o Senhor Deus a Adão e à sua mulher umas túnicas de peles e os vestiu“.

2 – Consideremos bem isto, porque é uma ação do próprio Deus. Quem ousará contestá-la?! Se veste fosse assim algo secundário, Deus teria deixado a critério de Adão e Eva. Considere-se primeiramente, que Deus os vestiu assim com modéstia, embora fossem esposos e os únicos que existiam até então sobre a terra. Neste particular entende-se a palavra de S. Paulo que recomenda a modéstia “porque Deus está perto”. Confira Filipenses IV, 5. A pessoa deve se vestir com modéstia não só na igreja mas em toda parte. É claro que na igreja exigir-se-ão modéstia e decoro ainda maiores. São Paulo diz: “Do mesmo modo orem também as mulheres em trajes honestos, vestindo-se com modéstia e sobriedade“. Confira I Timóteo, II, 9. Considere-se também que Deus vestiu nossos primeiros pais com túnicas. A túnica, por sua própria natureza, é uma veste que satisfaz as exigências da modéstia, porque oculta inteiramente o corpo não só enquanto o cobre, mas também enquanto não deixa transparecer a sua forma.

3 – Era também exigido por Deus a diferenciação entre o modo de se vestir dos homens e das mulheres; tanto assim que Deus considera abominável a mulher que se veste de homem e vice-versa. É o que diz a Bíblia Sagrada em Deuteronômio, XXII, 5. Vê-se, portanto, que as vestes unissex são condenadas por Deus na Sagrada Escritura. E a própria ordem natural exige que as diferenças entre os sexos sejam manifestadas, de maneira digna e honesta, pelo modo diferente de vestir, adequado a cada sexo.

Entre o povo fiel a Deus, procurando obedecer ao Seu preceito, desde os primeiros tempos, procurou-se um feitio de túnica para cada sexo, além das vestes complementares que davam naturalmente uma diferenciação maior. Há, no entanto, testemunhos de que os pagãos não obedeciam a estas normas. Não conheciam o verdadeiro Deus e a sua Lei.

Os sacerdotes da Antiga Lei também usavam túnicas cujo modelo era bem diferente e foi indicado pelo próprio Deus. Confira Êxodo, XXVIII, 31. Nosso Senhor Jesus Cristo também se cobria com túnica. Confira S. João, XIX, 23. Há muitas outras passagens do Antigo e do Novo Testamentos que mostra ser a túnica usada entre o povo. Por exemplo: Gen. XXXVII, 32; S. Mateus, V; Ats. IX, 39, etc.

4 – Alguém dirá que estas vestes tiveram que ser trocadas por outras diante das novas exigências da sociedade. Até concedemos que assim possa ser, mas desde que se respeitem os dois princípios determinados por Deus na Sagrada Escritura através do exemplo dado em relação a Adão e Eva e do preceito do Deuteronômio, XXII, 5 ou seja: 1º- que a roupa cubra realmente o corpo e não envolva nenhuma indecência que venha trazer escândalo para o próximo; 2º- que não haja travestimento, isto é, que a mulher não se vista de homens e vice-versa.

5 – Além da primeira razão da decência para as vestes (=a presença de Deus em toda parte, a concupiscência própria e a vergonha natural depois do pecado original), há também uma outra razão que diz respeito ao próximo. Como depois do pecado original passou a existir no homem a concupiscência da carne, dos olhos pelos quais entram no coração os maus desejos, a lascívia, os adultérios etc. as vestes cobrindo direito o corpo se tornam necessárias também em relação ao próximo ou seja para se evitar o escândalo, isto é, tropeço que leva as pessoas a cair no pecado. E neste particular, indecente e condenável é não só a veste que não cubra bem o corpo mas também quando deixa transparecer a forma do corpo ou em razão de seu próprio feitio ou por ser ajustado. Roupa muito ajustada só pode ter uma razão de ser: a maldade. Jesus Cristo deixou os princípios, os avisos, as regras da mal moral pelos quais os homens de todos os séculos devem guiar o seu modo de proceder. Segundo diz a Sagrada Escritura na Epístola aos Hebreus, XXII, 8 e 9: “Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem e hoje, e por todos os séculos”. E, por outro lado, os homens, quando à concupiscência, são também sempre os mesmos. Daí não pode ninguém dizer que os tempos mudaram e por isso as advertências de Jesus não têm mais valor hoje. Consideremos, então, algumas destas advertências de Jesus. Jesus falou contra os escândalos, isto é, as seduções que levam os outros ao pecado: Disse Jesus: “Ai do mundo por causa dos escândalos; porque é inevitável que sucedam escândalos; mas ai daquele por quem vem o escândalo!”. Confira S. Mateus, XVIII, 7-9. Jesus advertiu igualmente: “Quem olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração”. Confira S. Mateus, V, 28. Agora, quem é que não reconhece que uma pessoa vestida menos decentemente é causa destes maus desejos e adultérios contra os quais fala Jesus acima? Quem não for fraco neste ponto atire a primeira pedra.

6 – Alguém poderá dizer que não vê e não sente maldade alguma em usar tal veste. Pode até ser verdade agora porque já se acostumou no mal e adquiriu o mau hábito. Mas considere: 1º- que toda pessoa é culpada quando não procura eliminar o mau hábito, 2º- que é preciso olhar também o próximo. Donde, se a veste não é inteiramente decente eu tenho obrigação de evitá-la para não escandalizar talvez o próximo e incorrer assim na censura de Jesus: “Ai daquele por quem vem o escândalo”. E veja bem que a Sagrada Escritura manda evitar até uma coisa que de si não seria condenável, mas que fosse motivo de escândalo para o irmão fraco por quem morreu Jesus. Confira I Coríntios, VIII, 13.

7 – E há também o escândalo das crianças que se sentem tentadas a imitar as mais velhas e assim vão perdendo o recato, o pudor e a pureza já desde pequenas. Jesus advertiu: “É melhor uma pessoa amarrar uma pedra de moinho ao pescoço e se lançar no fundo do mar do que escandalizar uma criança”. Confira S. Mateus, XVIII, 6. Já imaginaram as contas que vão dar a Deus as mães que dão este mau exemplo às suas Filhas!!! Os pais procurem, pois, seguir o conselho que a Bíblia Sagrada lhes dá em relação aos Filhos: “Tens Filhos? Ensina-os bem, e acostuma-os às sujeição desde a sua infância. Tens Filhas? Conserva a pureza de seus corpos”. Confira Eclesiástico VII, 25 e 26. Quantas mães, no entanto, desculpam seus Filhos dizendo que são jovens e devem aproveitar a mocidade. Estas ouçam o que diz a Sagrada Escritura: “Regozija-te, pois, ó jovem na tua mocidade, e viva em alegria o teu coração na flor de teus anos, segue as inclinações de teu coração e o que agrada aos teus olhos, mas sabe que Deus te chamará a dar contas de todas estas coisas”. Confira Eclesiastes, XI, 9 e 10. Meditem, outrossim, nos elogios que a Bíblia faz à castidade e pureza: “Oh! quão formosa é a geração pura com o seu brilho!”. Confira Sab. IV, 1. “Graça sobre graça é a mulher santa e cheia de pudor. Todo preço é nada em comparação de uma alma que pratica a castidade”. Confira Eclesiástico, XXVI, 19 e 20.

8 – CONCLUSÃO: A Sagrada Escritura e a Tradição são as duas bases sólidas sobre as quais se funda a Igreja de Nosso Jesus Cristo. Se alguém não as aceita, então, vai se basear em que? No seu modo de pensar? Nas máximas do mundo? Mas quem age assim não é de Jesus Cristo.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima! Convertei os pecadores!


II.
Respondendo a algumas objeções:

1ª objeção: Vestes é uma questão secundária. O que importa é o coração.
RESPOSTA: Vimos já no primeiro folheto que Deus não pensou assim. Ele mesmo fez questão de cobrir Adão e Eva com túnicas depois que eles pecaram. Confira Gen. III, 21. Depois, na verdade, nós não dizemos que toda aquela que se veste de acordo com a virtude da modéstia tem forçosamente o coração bom e perfeito, e estará isenta de outras faltas. Em outras palavras, nós não queremos dizer que a modéstia seja tudo o que a pessoa deve ser, mas é uma das coisas necessárias para se agradar a Deus e até é uma das coisas pelas quais se pode conhecer a pessoa segundo declara a própria Bíblia no livro do Eclesiástico XIX, 27: “A Veste do corpo, o riso dos dentes e o andar do homem, dão a conhecer o que ele é”. Vimos no primeiro folheto que a modéstia é exigida por Deus na Sagrada Escritura e é com a convicção de coração no sentido de agradar mais a Deus e com empenho de fazer sempre o que está mais de acordo com a Sua vontade, que a pessoa deve se vestir com modéstia. O que importa é o coração reto que procura fazer o que Deus manda.

2ª objeção: Este negócio de vestes é relativo. Hoje, vestes que antes eram proibidas são permitidas e não impressionam mais.
RESPOSTA: Diz a Bíblia Sagrada: “Os olhos não se fartam de ver”. Confira Eclesiastes, I, 8. É a concupiscência dos olhos de que faz menção o livro do profeta Ezequiel, XXIII, 14-16. Esta concupiscência dos olhos leva a pessoa a procurar ver sempre o pior. Assim, a veste desde que começa a ser menos decente, vai provocando desejos mais perversos. E a sensualidade embora encontrando o que deseja, nunca se satisfaz. Daí, de um lado, se compreende porque o mundo tende sempre a uma maior imodéstia nas modas. E, por outro lado, entende-se porque a Igreja sempre lutou por uma maior modéstia nos trajes. E antigamente exigia-se até mais do que o mínimo para impedir que as vestes fossem piorando sempre mais. E a medida que o progressismo foi dando liberdade, a coisa foi só piorando e vai piorar mais se todos os padres da Igreja não voltarem a combater a imodéstia como a Igreja sempre fez. Dizem que tudo é natural. Mas pelos frutos se conhece a árvore. O que nós estamos vendo é uma sociedade cada vez mais entregue aos pecados da carne. É o desprezo completo pelos mandamentos de Deus, que, no entanto, continuam e continuarão de pé. É o que diz o Salmo 110, 8: “Todos os seus mandamentos (Senhor) são imutáveis, confirmados em todos os séculos, fundamos na verdade e na equidade“.

3ª objeção: Mas é muito difícil seguir estas normas da modéstia. Impondo-as, vai ficar um número muito pequeno na Igreja.
RESPOSTA: Quanto a ser difícil nós não negamos. Jesus mesmo já dissera: “O reino dos céus padece violência e só os violentos é que o arrebatam”. Confira S. Mateus XI, 12. Quanto a ser um número pequeno o daqueles que seguem as normas da modéstia, nós devemos primeiramente observar que: se os padres progressistas, baseados na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja, ensinassem isso (=a modéstia), os fiéis se convenceriam melhor e o número seria maior embora continuasse a ser minoria em relação aos maus. Nosso Senhor Jesus Cristo já disse: “Entrai pela porta estreita porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela. Quão estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida”. Confira S. João, XIV, 6. Compreende-se que o caminho do céu é estreito quando se pensa naquela palavra de S. Paulo na epístola aos Gálatas, V, 24: “Aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a sua carne com os seus vícios e concupiscências”.

A História Sagrada confirma o que acabamos de dizer sobre o pequeno número: Quando Deus destruiu a humanidade pelo dilúvio só oito pessoas se encontraram fiéis a Deus e se salvaram. O resto se entregou aos pecados da carne. Confira a Bíblia Sagrada: Gênesis, Capítulos VI e VII. Quando Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra só quatro pessoas se salvaram porque só elas não tinham se contaminado pela impureza. Leia na Sagrada Escritura o capítulo XIX do livro de Gênesis.

4ª objeção: Mas Deus é pai e não vai exigir tanto sacrifício e nem vai castigar alguém por seguir a moda.
RESPOSTA: Já vimos pela Sagrada Escritura, que Deus condena a moda que não seja conforme a decência. Vimos também na Bíblia Sagrada como Deus castigou várias vezes os homens por causa dos pecados da carne. E S. Pedro diz que estes castigos foram para servir de exemplo aqueles que venham viver também impiamente segundo a imunda concupiscência. Confira 2ª Epístola de S. Pedro, II, 4-10. Vimos igualmente como aqueles que desejarem ser de Jesus Cristo têm que renunciar a si mesmos, aos seus vícios e concupiscências. Conf. Gal. V, 24.

Porque Deus é Pai bondoso e paciente eu não vou ofendê-lo, mas pelo contrário, deve procurar a Sua vontade e segui-la. “Quem me ama, disse Jesus, guarda os meus mandamentos”. “Quem é meu amigo procura fazer o que eu mando“. Confira S. João XIV, 15 e XV, 14.

Os que querem seguir esta mentalidade progressista (=de que Deus é pai e não castiga ninguém e por isso posso fazer o que quero), ouçam o que diz a Bíblia Sagrada em Eclesiástico, V, 2 a 9: “Não te abandones na tua fortaleza, aos maus desejos de teu coração; e não digas: Como sou poderoso! Quem poderá obrigar-me a dar-lhe conta das minhas ações? Porque Deus certamente se vingará deles. Não digas: Eu pequei e que mal me veio daí? Porque o Altíssimo, ainda que paciente, é justiceiro. Não estejas sem temor da ofensa que te foi perdoada, e não amontoes pecados sobre pecados. E não digas: A misericórdia do Senhor é grande, ele se compadecerá da multidão dos meus pecados. Porque a sua misericórdia e a sua ira estão perto uma da outra, e ele olha para os pecadores na sua ira; Não terdes em te converter ao Senhor, e não o difiras de dia para dia porque virá de improviso a sua ira”. Confira também Rom. II, 4: “Ou desprezaste as riquezas da sua bondade e paciência e longanimidade? Ignoras que a bondade de Deus te convida à penitência?”.

5ª objeção: Mas, se a gente não seguir a moda, as pessoas do mundo zombam e chamam a gente de atrasada, cafona, etc.
RESPOSTA: Não podemos ser do mundo porque a Sagrada Escritura diz a todas as classes de pessoas: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo”. Confira I São João, II, 15. Quanto ao fato de o mundo zombar daqueles que seguem a Jesus, isto sempre existiu. Jesus mesmo disse: Porque não sois do mundo, o mundo vos aborrece. “Aqueles que, querem viver piamente em Jesus Cristo, sofrerão perseguição”. Confira II Tim. III, 12. Já os Apóstolos pela pregação da fé, e os cristãos por permanecerem firmes nesta fé, foram objeto de zombarias e de toda espécie de sofrimentos. Confira Atos, XVII, 32 a 34. Hebreus, XI, 36 a 40, I Pedro IV, 4. Medite, no entanto, o que diz Jesus Cristo em S. Marcos VII, 38: “No meio desta geração adúltera e pecadora, quem se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”.

6ª objeção: Mas a Igreja tem que seguir o progresso; se adaptar aos novos tempos; não pode ficar parada no tempo e no espaço.
RESPOSTA: Esta objeção faz parte da doutrina modernista hoje praticada pelos progressistas mas já condenada anteriormente por São Pio X.

A Igreja deve levar os homens ao progresso no bem. Isto sim. Porque Jesus fez a Igreja para ser o sal da terra e a luz do mundo. Para a religião ser verdadeira e ter firmeza, a quem se deve seguir? A Jesus ou aos homens? É claro que se deve seguir a Jesus. Eis o que diz S. Paulo: “Porventura é aos homens que eu pretendo agradar? Se agradasse ainda aos homens não seria servo de Cristo”. Confira Gal. I, 10. Diz ainda a Sagrada Escritura: “Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem e hoje e o será por todos os séculos. Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas”. Confira Hebreus XIII, 8 e 9.

Nossa Senhora revelou a Jacinta, vidente de Fátima: “Vão aparecer modas que ofenderão muito o meu divino Filho“.



Pe. ELCIO MURUCCI – Vigário de Ururaí – Dores.
Tirado do site da FSSPX 

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