Quero compartilhar com vocês um ótimo texto do doutor da Igreja Santo Afonso Maria de Ligório. Ele fala sobre verdadeiros escrúpulos e perturbações de consciência. Perceba que existe uma verdadeira interpretação sobre esse assunto, o qual não deve ser entendido como "relaxamento", ou seja, as pessoas não precisam "se livrar de todos os escrúpulos" para estar próximo a Deus, eles muitas vezes são necessários para a nossa conversão e santificação. Tudo depende onde está a pessoa na vida espiritual.
Entro nesse assunto, por tantas vezes ouvir de falsos católicos de que "não devemos cair em escrúpulos". O que eles querem é livrar a sua consciência de todas as boas inspirações que Deus planta em seu coração, e fazer você ignorar caminhos que podem te levar para mais próximo d´Ele. Devemos ter discernimento para poder reconhecer quando uma atitude é um escrúpulo bom, ou algo ruim, e ainda quando um bom sentimento é inspiração divina ou não. Certamente pessoas relaxadas com sua vida espiritual lhe dirão: "Você não pode ser escrupulosa" ou ainda: "precisa se livrar desses escrúpulos" e etc. Estas pessoas não devem ser ouvidas, pois tiram das almas uma boa inspiração que Deus dá a nós, para levá-la a vida relaxada, deixando de lado tudo o que mais agrada nosso Senhor.
Em uma aula recente do Pe. Paulo Ricardo, ele afirmou que se a mulher usar somente saias e vestidos, certamente estará agradando mais a Deus! Então esse pensamento de mudar o guarda roupas não é um escrúpulo, mas uma boa inspiração vinda de Deus aos nossos corações para melhor agradá-lo. Acompanhem o texto abaixo que foi tirado do livro: Escola da Perfeição Cristã de Santo Afonso Maria de Ligório. Os grifos são nossos.
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I. Natureza e importância dos escrúpulos. Seus caracteres
Sob a palavra escrúpulo entende-se um vão temor, proveniente de apreensões errôneas e imotivadas de se querer pecar ou de se ter pecado. No começo da conversão, isto é, da emenda de vida, esses escrúpulos são muito úteis, pois uma alma que há pouco deixou o pecado deve se purificar cada vez mais, para o que muito contribuem os escrúpulos, já fazendo que ela se precate, já tornando-a humilde, desconfiada de seu próprio parecer e obediente à direção de seu confessor.
S. Francisco de Sales diz: 'Esse temor que produz escrúpulos nas almas do que saíram há pouco do caminho dos vícios, é um preságio certo de uma futura pureza de consciência' (Fil., p.III, c.2). Pra os que tendem a perfeição e já há muito se entregaram a Deus, porém, são os escrúpulos coisa muito perniciosa. 'Para essas almas os escrúpulos são uma fonte de loucura, diz S. Teresa, porque eles a reduzem a um tal estado que não sabem mais dar um só passo no caminho da perfeição'. O mesmo ensina S. Francisco de Sales: 'Guardai-vos das inquietações de consciência, escreve ele (Ep. 213), porque não há nada que mais impeça o progresso na perfeição.
Há, pelo contrário, pessoas que se gloriam de possuir uma consciência desembaraçada e não querem de modo algum passar por escrupulosas. São elas pouco cautelosas em seu proceder, dão plena liberdade à seus olhos, à sua língua, a seus ouvidos, para que vejam, falem e ouçam tudo o que lhes apraz, e censurando aos que são mortificados, envergonham-se de passar por tais. Dizem ser beatice, afetação e singularidade se os outros falam com voz submissa e conservam os olhos baixos, deixando-se facilmente arrastar por companheiros perigosos, e tomar parte em seus vão divertimentos.
Que tais pessoas deixem de gabar-se de sua independência de consciência, porque isso denota tibieza e imperfeição, para não dizer relaxamento. Prouvera Deus que tivessem uma consciência escrupulosa, isto é, delicada, como seria para desejar. Tomem cuidado para que não vão parar no inferno com aqueles cujos maus exemplos seguiram, quais humildes ovelhas.
Os sinais de uma consciência escrupulosa são: 1) temer sempre não ter dito tudo, nem ter tido verdadeiro arrependimento e firme propósito na confissão. 2) Temer sempre pecar, por motivos frívolos em todas as ações, por exemplo, pensar que está fazendo juízo temerário, que consentiu em todos os maus pensamentos que lhe passaram pela cabeça, etc. 3) Ser inconstante em suas dúvidas, julgando com grande temor e angústia que uma ação ora é permitida, ora proibida. 4) Não se tranquilizar com o parecer de seu confessor.
De resto, pertence ao confessor decidir se uma pessoa é escrupulosa ou não. Todos os escrupulosos afirmam em suas perplexidades de consciência que aí não se trata de escrúpulos, mas de verdadeiras dúvidas e pecados, pois, do contrário, não se incomodariam com isso. Como, porém, se acham em trevas, não servem para juízes nas coisas de sua própria consciência, competindo então ao confessor decidir.
O penitente, por isso, deve seguir os conselhos de seu confessor, pois, querendo resolver o caso pessoalmente, mais se enveredará em dúvidas e inquietações, por mais que se esforce em tranquilizar-se, expondo-se talvez até ao perigo de perder-se eternamente, como adiante se verá.
Quanto às almas que tendem à perfeição, é originalmente o demônio que as enche de escrúpulos e inquietações, para que, desejando ver-se livres delas, abandonem o bom caminho e se entreguem ao desespero, dando cabo da vida, como já tem acontecido. O célebre escritor Pe. Scaramelli conta que conheceu duas pessoas escrupulosas que se suicidaram, uma com um tiro, outra com uma faca. E como esses, muitos outros casos existem, que mostram as tristes consequências dos escrúpulos, quando não vencidos.
Fonte: Escola da Perfeição Cristã - Santo Afonso de Ligório
Comentário do blog: Como vocês podem ver, os escrúpulos podem ser algo bom, e algo ruim. Algo ruim para as almas que tendem a perfeição (ou seja que querem ser santas). Portanto, sempre devemos seguir o diretor espiritual ou o confessor para saber se se trata realmente de um escrúpulo ou uma boa inspiração vinda de Deus. Nunca confiem em leigos, principalmente pessoas que desconhecem a moral, as virtudes e os meios de santificação. Em se tratando de modéstia, certamente a pessoa não sera escrupulosa se decidir usar somente saias e vestidos no dia a dia, pois essa é uma atitude que agrada mais a Deus. Se a moça deixa de ir a praia por conta da indecência para não contemplar pessoas nuas, isso não é um escrúpulo, mas mortificação do olhar, ensinada por tantos santos. Ou seja, os mundanos consideram que, você deve vestir calças, leggings, shorts e saias curtas para "não ser escrupulosa", porém entendendo de fato o que os doutores da Igreja ensinam, vemos o quanto isso está longe de ser escrúpulos.
Se for assim, obrigada meu Deus por meus escrúpulos!
Salve Maria.
Seu blog me ajuda muito. Nele encontro vários livros salutares para meu progresso espiritual. Em alguns pontos eu me identifiquei contigo e por isso gostaria de te falar o seguinte:
ResponderExcluirSanta Terezinha de Jesus repudiava seus escrúpulos e Santo Afonso de Ligório nesse mesmo livro que você citou explica que os escrúpulos são um mal terrível e que impedem o progresso espiritual (Escola da Perfeição Cristã).
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Quando Deus falou com Santa Catarina de Senna disse que a escrupulosidade é fruto do egoísmo espiritual.
E os psiquiatras chamam os escrúpulos de TOC (transtorno obsessivo compulsivo).
Não fale dos escrúpulos como se fosse uma coisa boa, porque não é.
Seu apostolado ajuda muita gente, mas falar assim de um tema tão sério e que poucos sacerdotes possuem conhecimento (exceto os que possuem alguma formação psiquiátrica também) mais prejudica do que ajuda.
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Muitas pessoas chegam a cometer suicídio porque não conseguem vencer seus escrúpulos porque é o próprio diabo que enfraquece a mente da pessoa fazendo com que ela fique esgotada.
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Salve Maria.
Salve Maria Natália. Eu li INTEIRO, página por página este livro de Santo Afonso de Ligório "Escola de Perfeição cristã" li e reli umas três ou quatro vezes a parte em que ele fala de escrúpulos. Eu li inteiro o livro "O diálogo" de Santa Catarina de SEna, e também li inteiro os três livros de Santa Teresa d´Ávila, Caminho de perfeição, o livro da vida e moradas. Enfim, eu sei exatamente como é. De fato EM MUITOS CASOS os escrupulos são coisas ruins, obviamente, mas em outros casos (como afirma o próprio doutor da Igreja, Santo Afonso) são bons, geralmente são bons quando a pessoa está no início da conversão! Pois nos fazem ter um certo temor de pecar. Quando já crescemos espiritualmente, eles são sempre ruins, e podem chegar a ser até demoníacos quando estamos mais a frente na caminhada. Enfim, tudo depende da pessoa, e se de fato É UM ESCRUPULO ou não. Pois muito do que dizem hoje ser escrupulos de fato não são! Como por exemplo, não ir a praias e vestir calças. Nada disso é escrupulo, e sim nosso dever. Não podemos confundir escrúpulos com consciência delicada. É preciso ler mais a respeito para conseguir compreender. Aconselho a leitura de meu outro artigo sobre o tema, que creio que pode te ajudar a discernir, o que acho que vc não compreendeu é que: todos temos escrupulos! Só não tem quem não tem vida espiritual. Se até os maior doutores e santos de sétima morada possuem escrupulos, nós míseros nada, não vamos ter?
ExcluirO artigo abaixo acho que esclarece um pouco, obrigada pelo comentário, Salve Maria:
http://floresdamodestia.blogspot.com.br/2015/07/diferenca-entre-delicadeza-de.html
Daiane, eu também sei exatamente como é. É horrível. Não se trata exatamente dessa questão de calças ou ir à praia.
ResponderExcluirTrata-se de confundir faltas graves com leves, precisar sempre da direção de outra pessoa para saber se pecou ou não e ficar morrendo de medo de comungar à toa.
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Quem tem escrúpulos pensa que pecou e depois de alguns tempo muda de opinião. Ele sempre quer se confessar para ter a certeza de que pode comungar.
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O temor gerado pelo escrúpulo não tem fundamento. Por isso é um entrave muito grande ao entrave espiritual e já que você leu Escola da Perfeição deve ter visto essa parte.
Escrúpulo nunca é bom, consciência delicada sim...
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