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sábado, 4 de julho de 2015

Os Bailes Segundo São João Batista de La Salle

São João Batista de La Salle

Das diversões não permitidas:

"Há outros divertimentos dos quais não se vai tratar aqui em mais pormenores porque de modo algum são permitidos a um cristão, nem pelas leis da religião, nem pelas regras de civilidade. Alguns deles são, em geral, próprios dos ricos: são os bailes, as danças e as comédias. Há outros que são mais freqüentes entre os operários e os pobres, tais como os espetáculos de opereta, de palhaços, equilibristas nas cordas, marionetes, etc. 

A respeito dos bailes basta dizer que são reuniões cujo comportamento não é nem cristão nem honesto; elas se realizam de noite, porque parece que se tem a intenção de se esconder e passar nas trevas, para ter então mais liberdade, e para ali conhecer o crime. As pessoas em cuja casa se realizam têm a obrigação indispensável de abrir sua porta sem distinção a todo o mundo, o que faz com que suas casas se tornem como lugares de infâmia e bordéis, onde pais e mães expõem suas próprias filhas a toda sorte de rapazes, que têm toda liberdade de entrar nessas reuniões, também se permitem examinar todas essas pessoas que as frequentam e apegar-se a aquelas garotas que mais lhes agradam; conversar com elas, levá-las a dançar, afagam-nas e tomam liberdades que os pais e as mães teriam vergonha de lhes permitir em suas casas particulares. 

E as meninas, pelo luxo e a vaidade com que aparecem em seus enfeites, pela pouca modéstia que se encontram em seus olhares e gestos, em toda sua pessoa, se prostituem aos olhos e aos desejos de todos os que entram nesses bailes e dão ocasião aos que são os mais moderados, a terem  sentimentos muito longe dos que o pudor e a honestidade cristão deveriam inspirar-lhes. No que se refere às danças que se realizam em casas particulares com menos excesso, elas não são menos contra a boa educação do que as que se realizam com mais brilho nos bailes; porque, se um antigo pagão disse que ninguém dança quando está sóbrio, a não ser que ficou louco, o que então o espírito cristão pode inspirar acerca deste divertimento, que no dizer de santo Ambrósio, só é bom para excitar as paixões vergonhosas e em que o pudor perde todo seu brilho entre o ruído que se faz ao pular e ao se abandonar à deboche. Este santo Padre diz que as mães que permitem a suas filhas dançarem são mães indecentes e adúlteras e não são mães castas e fiéis a seu esposo. Estas devem ensinar a suas filhas a amar a virtude e não a dança, na qual, diz São Crisóstomo, o corpo é desonrado por atividades vergonhosas e indecentes, e a alma o é muito mais ainda, porque as danças são o jogo dos demônios, e os que com elas se divertem e deleitam, são os ministros e os escravos dos demônios e se comportam como animais em vez de pessoas, porque se entregam a prazeres dos brutos. 

Embora as comédias sejam consideradas no mundo como um divertimento honesto, elas não deixam de ser a vergonha e a confusão do cristianismo. Com efeito, os que se entregam a esse emprego e dele fazem sua profissão são publicamente conhecidos por sua infâmia. Será que se pode gostar de uma profissão em que a pessoa que a exerce, se cobre de confusão? Será que não é infame e vergonhosa esta arte, em que toda habilidade dos comediantes consiste em excitar em si mesmos e nos outros, certas paixões vergonhosas, das quais uma pessoa bem educada só pode ter horror? Quando nas comédias se canta, ouvem-se apenas melodias próprias a fortificar essas paixões. Acaso poderia ter honestidade e boa educação nos adornos, na nudez e na liberdade dos e das comediantes? Acaso há em seus gestos, em suas palavras e atitudes alguma coisa que não seja indecente para um cristão não só de fazer mais até de ver?" (...) 

São João Batista de La Salle - Regras de civilidade cristã.

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