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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O Testemunho de São João Batista e a Modéstia Cristã - Santo Afonso de Ligório

Trecho de Santo Afonso de Ligório tirado do Livro Meditações para todos os dias do ano; TOMO I; do Terceiro Domingo do Advento.

"O Evangelho de hoje, como diz S. Gregório, faz ressaltar bem claramente a humildade do Baptista. Muito embora estivesse adornado de tais e tantas virtudes, que se pudesse crer se ele o Messias prometido, não somente recusou terminantemente esse nome dizendo: Non sum ego Christus - Eu não sou o Cristo; mas ainda mais protestou não ser digno nem sequer de desatar os cordões das sandálias do redentor. Constrangido, pois a dar informações acerca de si próprio, cala a nobreza de seus pais, a dignidade sacerdotal, e apenas faz saber o que é indispensavelmente necessário, a saber, o seu ofício de precursor de Jesus Cristo: Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini - "Eu sou a voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor."

Deves tu também praticar igual modéstia, se verdadeiramente desejas agradar a Deus e assim preparar-te para fazer nascer o divino menino em teu coração. Evita de dizer qualquer palavra de louvor próprio, tanto acerca da tua conduta, dos teus talentos e exercícios de virtudes; como acerca da tua família, enaltecendo a nobreza, as riquezas, o parentesco. Em uma palavra, no falar do que te respeita ou de ti mesmo, procura sempre a imitação do Baptista, abaixar-te e nunca te exaltares acima dos outros. Fala antes o mal que o bem; descobre antes os teus defeitos, do que as ações que talvez tenham aparência de virtudes. Abaixando-te, nunca te prejudicarás; mas como diz São Bernardo por pouco que te exaltes acima do que és na verdade, podes causar-te grande mal. Além disso é bem conhecido o adagio comum: Louvor em boca própria é vitupério. 

Demais melhor será que nas conversações não fales absolutamente de ti próprio, nem para bem, nem para mal, considerando-te como pessoa tão vil, que nem sequer mereça ser mencionada. Quantas vezes não sucede que contando coisas mesmo que para nossa própria confusão, se insinue alguma oculta e fina soberba, e que interiormente desejemos ser elogiados ou ao menos ser tidos por humildes e virtuosos.

Se por acaso sem culpa tua, te louvarem procura então haver-te assim como se houveram os santos e nos ensinaram. Quer dizer: lança uma vista sobre tantos defeitos teus; confunde-te interiormente por não possuíres os méritos que te atribuem. Treme pensando que talvez a estima dos homens não seja a maior desgraça que te pode suceder, porquanto, pela vã complacência te pode fazer perder todos os merecimentos que porventura tinhas adquirido perante Deus. Demais, pode infectar-te o coração formentando-te o orgulho, e assim ser causa de tua queda e eterna condenação. Por isso diz S. Francisco de Sales, que os louvores são um veneno doce e desapercebido, que mais de uma vez tem dado a morte à virtude e à piedade dos mais santos e piedosos. - Sobretudo, quando perceberes que te elogiam, olha para Jesus Crucificado, que, por teu amor, longe de buscar os louvores, preferiu ser o homem mais desprezado, ou antes, o mais abjeto entre todos os homens: despectum et novissimum virorum. 

Ó meu Jesus, envergonho-me de comparecer na vossa presença. Vós, embora inocente, fostes por vosso amor cumulado de ignomínias, e eu pecador tão ávido sou de louvores e honras! Ah meu Deus, como me vejo desigual a vós! Isso me faz temer pela minha salvação eterna vista que os predestinados vos devem ser achados conformes. Mas não quero perder a confiança em vossa misericórdia; Vós mesmo me deveis mudar. Amo-vos bondade infinita; arrependo-me dos desgostos que vos tenho causado com o meu orgulho, e proponho sofrer por vosso amor qualquer desprezo, qualquer injúria que me for feita. 'Vós Senhor inclinai os vossos ouvidos às nossas súplicas e ilustrai as trevas do  meu espírito com a graça de vossa visita.' Dai-me força para guardar fielmente o meu propósito. Quero sempre dizer-vos: Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso. Ajudai-me também vós, ó Maria, a mais humilde de todas as criaturas. 






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