Toda adolescente normal é sonhadora. É até um direito de sua idade.
Daí a paixão com que se entregam aos romances, às novelas de rádio. São distrações aparentemente inofensivas, mas cujas consequências pode ser fatais. Há vários males nesse jogo perigoso:
1) Os heróis do romance ou das novelas são imaginários; nunca existiram. Modelos falsos, por tanto.
2) O enredo que se descreve ali também é geralmente falsa. E mesmo em se tratando de romances da vida real, há perigo de focalizarem-se quadros não condizentes com a formação da donzela.
3) Caricatura do amor. Chegamos ao principal escolho do romance e da novela.
Nada mais perigoso na formação da mocidade que a mutilação, a falsificação do amor. Ora, a maioria dos romances trucida o amor, reduzindo-o a mero sensualismo, ou a exaltações passionais.
Muitos deles encerram traições, adultérios, dramas conjugais, desquites, não raro doirados pela fantasia do escritor, de modo a impressionar fortemente e mesmo, a entusiasmar pelo erro uma jovem inteligente mas pouco avisada. "Dize-me com que andas e te direi quem és." Há muita verdade nesse provérbio. Ora, os personagens dos romances de novelas nem sempre servem de modelo à juventude. A moça ledora habitual de romance e a ouvinte apaixonada de novelas de rádio correm o risco de viver psicologicamente na companhia de homens e mulheres pouco recomendáveis.