Pesquisar

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Necessidade de purificar a alma de todos os afetos ao pecado venial

Por São Francisco de Sales




À medida que o dia se vai clareando, nós vamos vendo melhor num espelho as nódoas do nosso rosto; de modo semelhante, à proporção que o Espírito Santo nos comunica maiores luzes interiores, nós vamos descobrindo mais distinta e evidentemente os pecados, as imperfeições, as inclinações que se podem opor de qualquer modo à devoção; e é muito de notar que essas luzes que esclarecem o nosso espírito acerca de nossas faltas excitam também no nosso coração um desejo ardente de corrigi-las.

Deste modo, Filotéia, em tua alma, embora já purificada dos pecados mortais e das afeições que levam a cometê-los, encontrarás ainda um grande número de disposições más, que a inclinam ao pecado venial; não digo que descobrirás ai muitos pecados veniais, mas, sim, que a encontrarás cheia de afeições más, que são as fontes dos pecados veniais. Ora, isso são coisas bem diversas: mentir, por exemplo, habitualmente e com gosto é muito diferente do que mentir uma ou duas vezes por brincadeira. Não podemos preservar-nos completamente de todo pecado venial de tal sorte que nos conservemos por muito tempo nesta perfeita pureza da alma; o que com a graça de Deus podemos é destruir o afeto ao pecado venial, e para isso é que nos devemos esforçar.

Estabelecidas estas pressuposições, digo que é necessário aspirar a este segundo grau de pureza da alma, que consiste em não formentar voluntariamente em nós nenhuma afeição má ao pecado venial, qualquer que seja; seria, pois uma grande infidelidade e mui culpável indolência conservar em nós consciente e habitualmente uma disposição tão má como é a de desagradar a Deus.

Com efeito, todo pecado venial, por menor que seja, desagrada a Deus, conquanto não lhe desagrade a ponto de lançar sobre quem o consiste a sua maldição eterna; se pois, o pecado venial lhe desagrada, certamente a afeição habitual que se tem ao pecado venial vem a ser uma disposição habitual do nosso espírito e coração de desagradar á majestade divina. E seria possível que uma alma se reconciliou com Deus queira não só lhe desagradar, mas até ter gosto neste desagrado? Todos os afetos desregrados, Filotéia, são tão diretamente opostos à devoção como a afeição ao pecado mortal o é à caridade: eles enfraquecem o espírito, impedem as consolações divinas, abrem caminho às tentações e, mesmo que não tragam a morte à alma, causam-lhe todavia graves enfermidades. 

(...) Os pecados veniais que se cometem de tempos em tempos pouco danificam a devoção; ao contrário, destroem-na por completo, se formam na alma um hábito vicioso. 

As aranhas não matam as abelhas, mas estragam-lhe o mel e, acham uma colmeia, de tal modo a embaraçam com os fios de sua teia que tornam impossível às abelhas a continuação de seu trabalho. Assim, os pecados veniais não matam a nossa alma, mas estorvam a devoção e, a quem os comete com uma inclinação habitual, embaraçam a alma com uma espécie de hábito vicioso e de disposições más, que a impedem de agir com aquela caridade ardente em que consiste a devoção verdadeira".

Fonte: Introdução à Vida Devota - Filotéia - São Francisco de Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem vindo ao nosso espaço! Os comentários antes de serem postados, passam por aprovação da moderação. Por isso lembramos aos seguidores que não serão aceitos comentários maldosos, irônicos com tom de maldade, acusações infundadas e ataques diretos e indiretos a Fé Católica e à Moral da Igreja. Salve Maria Puríssima.

"Eu quero que todos vocês meus queridos filhos espirituais, combatam com o exemplo, e sem respeito humano uma santa batalha contra a moda indecente. Deus estará com vocês e irá salvá-los." São Pe. Pio de Pietrelcina

Siga-nos via blogger.com

Total de visualizações de página