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Diálogo de duas jovens cristãs
- Quem é tu que vens assim de mangas tão compridas, envolta nesta túnica talar, e de véu branco dominical?
- E tu, quem és, com essas vestes sem mangas e tão decotadas, e curtas ... de cabelos muito cortados?
- Sou uma cristã do século XX.
- E eu, uma cristã dos primeiros séculos de fé.
- Teu nome?
- Domitila, Águeda, Cecília, Inez, (Filomena), como queiras chamar-me.
- O meu pode ser Haydée, Mimi, Zizi.
- Que nomes!
- Achas graça? Pois são muito eufônicos... e donde vens e para onde vais?
- Venho das catacumbas de Lucila. Passei a noite na cripta com os meus irmãos. Só na solidão e no silêncio da noite é que nos é possível, sem perigo, adorar a Deus.
- E vais ...
- Após pequeno descanso, visitar, na Suburra, uma escrava enferma, recolher o sangue e os despojos de uns mártires sacrificados hoje no Coliseu, cortar ramos de oliveira e apanhar flores para o seu túmulo (mártires). E tu?
- Volto de um baile social.
- De um baile? Como as meninas pagãs do meu tempo? E social? Então a sociedade cristã vive agora a bailar? E o grande perigo para tua alma?!
- Isso mesmo pergunta meu confessor.
- É? ...
- Digo-lhe sempre que nenhum. São todos moços educados.
- Moços educados! Por fora e por dentro? ...
- Só posso ver-lhes o exterior.
- De sorte que te preocupas só com o que aparece!
- Sim, senhora...
- E tu, menina do século XX, te julgas, como Aquiles, invulnerável? Donde esta tua fortaleza? (pra vencer a tentação)
- Faço as nove primeiras sextas-feiras, comungando nesses dias.
- Nove primeiras sextas-feiras para Jesus e os demais dias do mês para o mundo?
- !!...
- Nós comungamos todas as noites ... nas catacumbas.
- É comungar demais.
- É amar muito a nosso Senhor.
- Eu o amo também.
- Sei sim; nas nove primeiras sextas-feiras pela manhã.
- Vós viveis em tempos de perseguição. A Eucaristia é que é a vossa força.
- E a vós, menina cristã, ninguém vos persegue?
- Não!
- Não! E a vaidade? ... as amizades? ... as leituras? ... os espetáculos e cinemas ...? Olha, menina: os Mandamentos de Deus são invariáveis. E por que te vestes assim, com estes braços e colo tão despidos? Com estas vestes tão ...?
- Mas! ... é a moda.
- E porque não se veste como cristã?
- Achar-me-ão ridícula. Queres que me vista como tu, com uma túnica tão comprida e ampla, com este véu dominical?
- Só quero ver em ti menos transparências. Sabes gramática?
- Estudo para professora.
- Muito bem. Pois os verbos transparecer, descobrir, adivinhar ... não se devem aplicar aos trajes da mulher cristã, nas suas relações com o corpo. Deve bastar-lhe o verbo cobrir ... Tu me compreendes.
- Perfeitamente.
- Não te alegres por te acharem de talhe delgado, de ... Rejubila-te quando te acharesm um anjo de pureza e de beleza sobrenatural. Compreendes?
- Sim, sim.
- Pois medita sobre tudo isso, e adeus, senhorita Mimi.
- Adeus, Cecília.
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Texto retirado do livro "Audi Filia!, páginas para moças", pelo Padre Geraldo Pires de Souza, 3.ª edição de 1937.
Texto retirado do livro "Audi Filia!, páginas para moças", pelo Padre Geraldo Pires de Souza, 3.ª edição de 1937.
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