ou
Assistir a Missa com devoção e modéstia meditando na grandiosidade que nela contém
O Sacrifício da Santa Missa é o mesmo que o Sacrifício da Cruz
A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a fim de formardes uma ideia adequada de tão grande tesouro, algumas de suas excelências divinas; pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.
A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário. Assim o Sacrifício cruento foi o MEIO de nossa Redenção, e O Sacrifício incruento nos proporciona as GRAÇAS da nossa Redenção. Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.
Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado: Vidi agunum stantem tanquan accisum. (Apoc. 5, 6)
No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do Espírito Santo, sem que, de modo algum nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o Espírito Santo desça visivelmente à Terra.
A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se imola hoje na Santa Missa. Opus trae Redemptionis exercetur, diz a Santa Igreja.
A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir a Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria censurada!
E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fôsseis a uma festa mundana? Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos?
Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniquidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que atraem a maldição, de DEUS: Maledictus qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48,10). Meditai seriamente sobre esse assunto.
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Texto tirado da obra de São Leonardo de Porto-Maurício, “As excelências da Santa Missa”, páginas 6-8. (grifos nossos)
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